Powered By Blogger

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Defesa Petrov

A defesa Petrov, como todo enxadrista sabe, caracteriza-se pelos lances 1. e4 e5 2. Cf3 Cf6...
Uma linha que embora simétrica e considerada de empate, é da predileção de muitos GM's, como Kramnik, por exemplo.
Esse post, no entanto, não é dedicado ao xadrez, dessa vez.
11h da manhã, horário de Brasília, em Abu Dabi, iniciava-se o Grande Prêmio decisivo para o campeonato mundial de F-1.
Os protagonistas: o líder do campeonato, Alonso, seguido de Webber, Vettel e Hamilton (com chances remotas).
Como todos sabem, o campeonato (e a própria categoria) foram duramente afetados pelo bizarro jogo de equipe (mais uma vez) da Ferrari na Alemanha, alterando as posições de Massa e Alonso.
A credibilidade de Ferrrari, Alonso, Massa e F-1 posta em xeque.
Largada: Vettel e Hamilton mantem suas posições e Alonso cai de 3º para 4º, após ultrapassagem de Button. Webber mantem-se atrás.
Aí, inicia-se os fatos decisivos: após o acidente entre Schumacher e Liuzzi (guarde esse momento!), Alonso comete erro estratégico de não arriscar ultrapassagem sobre Button para assim ter maior folga em pontos. Webber comete um erro tático e não apenas toca o muro e precisa ir aos boxes como também resolve não atacar Alonso, pensando, dessa forma, tirar Vettel do título - perder o campeonato mas impedir o parceiro de equipe de conseguir, algo como jogar australiana e por não gostar do jogador ao lado, simplesmente entregar peças ao adversário.
Erro estratégico crasso da Ferrari: chamar Alonso para os boxes em razão da parada de Webber - sendo, como mencionado, entrada antecipada por toque de pneu-roda no muro. Esse erro se revelou decisivo e irreversível.
Na volta, Alonso fica atrás da figura que é o motivo do título: Vitaly Petrov.
Vitaly passou o ano inteiro de noviciado (bem) atrás de seu companheiro de equipe, Robert Kubica.
Eis que o russo, homônimo da conhecida abertura de xadrez, em uma improvável atuação, realizou até o momento seu maior feito.
Mais do que qualquer partida realizada com a Defesa Petrov (também conhecida como Defesa Russa), Vitaly defendeu muito! Parecia jogar, digo, pilotar, sempre com um tempo a mais. Se estivesse de brancas, isso seria o esperado, mas era ele quem tinha que defender (ou seja, de pretas), ainda mais com o carro, tecnicamente pior do que a Ferrari de Alonso.
Quando não pode mais manter a velocidade, freou antes nas curvas (aí, sim, por um plano estratégico bem feito nessa corrida dos erros: ao trocar os pneus na entrada do safety car na primeira volta, obteve uma boa vangatem posicional. Como prejuízo os pneus desgastaram mais rápido e as entradas de curvas precisaram ser antecipadas), como se concedesse espaço para o jogador de brancas, Alonso, e elas se enrolassem, como ocorre com frequência em defesas como a Alekhine. Nesse caso, a Ferrari do espanhol passeou bastante fora do tabuleiro, quero dizer, da pista.
Voltas, voltas, voltas e mais voltas...
Eu perdi as contas, mas creio que Alonso tenha passado mais de 70% atrás da Renault amarelo e preto.
Vettel vence a prova e o campeonato. Webber passou a prova toda atrás de Alonso. Pela sua falta de colaboração a equipe, acabou prejudicando a si mesmo e perdeu um campeonato mundial (talvez a única e última chance do australiano). Hamilton, segundo colocado e Button, terceiro, completaram um pódio o qual cavalheirismo e desportividade se encontraram, além, é claro, do resultado ter corrigido aquela aberração de Hockenheim - como também é esperado no xadrez, em geral.
Ao Alonso restaria a resignação.
Entretanto, em um gesto de nenhuma desportividade, pareou ao carro de Vitaly e fez gestos reclamando do absurdo: querer quem um jogador perca uma partida apenas para o próprio benefício!
Desde os torneios escolares de xadrez infantil ou em corridas de carrinho de rolemã, isso simplesmente não existe.
Petrov simplesmente fez valer a sua defesa, com sucesso e não cometeu erro algum ou conduta anti-desportiva que valha.
O espanhol, como um mau enxadrista e mau perdedor, teve ainda a infeliz atitude de não parabenizar o vencedor, Sebastian Vettel.
Atitude infantil, de criança birrenta, que não possui limites.

PS - Solução: contrate a Super Nanny, Ferrari!

Nenhum comentário:

Postar um comentário